domingo, 27 de dezembro de 2009

(In)Completo.

É a época dos abraços, das comemorações e desejos supérfluos de boas mudanças.
São as ideologias e heróis de "Cazuzas" moderninhos.
As verdades mal contadas. Os boatos corriqueiros de cidades pequenas.
Um lugar vazio. Um silêncio que não se cala.
A partir dai começa o conto.
A menina seca e pálida que se acaba em vícios.
O garoto de quase vinte.
O casal disposto.
Mentiras a parte, se completam.
Ela no seu jeito apático de gostar.
Ele na sua infantilidade disfarçada de gente grande.
As conversas não se misturam. As frases não se combinam.
Mas o jeito simples de se perderem um no outro os fazem sorrir.
O toque e o tremor das pernas.
O sexo.
Nos pensamentos flutuando, saciando os desejos.
As manias dispersas. Diversas.
Um jeito simples de se pertencerem.
Ela e seu cigarro barato. Ele e sua literatura pré-vestibular.
Um momento para não se pensar em virtudes e em corações partidos.
Dela parte o abraço desajeitado que ele responde com um beijo sem prática.
Hora ou outra se ouve o barulho da tv reprisando os filmes que nunca viram.
Assim como as palavras que nunca se escutam.
As ligações que não retornam.
As desculpas retóricas. As despedidas informais.
A relação (nada) comum.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Vôo.

Apagou.
Misturou tudo, é raiva com mentira.
É sentimento de ânsia disparando nas emoções.
Era o desejo calado.
Eram as meias verdades. Há/a falsidade.
Há/a via. Vida.
De alguns dias, meses, anos.
São os segundos que acabaram.
O beijo que secou. A sede que passou.
Os sonhos que voaram.
Se tornaram livres e foram embora.
E não quiseram me levar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A outra metade.

Era um dia comum, como outro qualquer.
Acordei reclamando, cansada mesmo após as 10 horas de sono.
Estava nublado, e a chuva ameaçava cair.
Estava suada de meus sonhos de mentira.
Liguei a TV e escolhi o pior dos oito canais para me distrair.
O tempo todo evitava lembrar e pensar nela.
Obtive sucesso por boas semanas, mas hoje, silenciosamente, comecei a reconstituir aqueles momentos.
A lareira apagada, o som desligado e a cara amassada.
O abraço quente, o marasmo e a nostalgia.
A vontade de preparar um café e a surpreender acordando aos pés da cama.
Ela era cheia de defeitos bonitos.
Seus movimentos pareciam dança, ensaiada.
Seu corpo parecia uma partitura, com sons melodiosamente cantados em cada nota.
Seu sorriso era perigosamente atraente. Cegava-me.
Eu estava apaixonada, loucamente apaixonada.
Feliz como há muito não me sentia.
A sensação de prazer e liberdade que não tinham nome.
Não havia como me proteger e fugir de algo que me fazia tão bem.
Falávamos sobre assuntos aleatórios por tantas horas sem cansar.
O silêncio era a melhor das palavras. Eu me sentia bem apenas em tocá-la.
Escutar sua risada, e saber sua preferência de refrigerante ou de gênero musical, o nome do seu filme predileto, as suas manias e as suas loucuras, até mesmo suas confusões e indecisões eram a melhor hora de meu dia.
Os dias que hoje são comuns, são culpa deste passado tão recente.
Já não uso as mesmas cores e não me afasto tanto da calçada.
Não tenho em quem me apoiar para atravessar a rua.
Não tenho com quem dividir meus planos e a cama.
Nunca pensei que preferiria a dúvida à resposta, que perdoaria erros e esqueceria de todo um resto.
Hoje conheço meus erros. Não penso em mudá-los e nem escondê-los.
Você me fez abrir os olhos para os sentimentos e para a escuridão.
Você me abriu a ferida e esqueceu de fechá-la.
Como pode meu coração ter se partido se ele nunca foi inteiro?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Voltas.

Eu sei como fazer isso.
Sei como seu corpo se move quando o desejo te domina. Como sua boca se contrai e sutilmente treme ao respirar mais fundo em sua orelha.
Eu gosto daqueles movimentos e da respiração ofegante quando sussurros percorrem sua nuca. Sinto falta do frio e do suor quente. Das mãos trêmulas e da boca seca.
Sei onde devo ir e como agir.
Onde minhas mãos fazem a transição do suave para rijo.
Onde minhas pernas te entrelaçam e os movimentos já não são mais carinhosos.
Consigo ouvir coisas que não consigo pensar e distinguir, mas são exatamente os sons que queria.
Eu sei o que você procura com aquele olhar. O que você espera com aquele beijo e o que espera que eu consiga te fazer sentir.
Sim, eu sei como fazer isso.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Observação.

Eu a observava.
Viveu na esperança.
Projeções sobre sua própria ilusão, sua vontade.
Ouvia a todos, e não ouvia ninguém. Não havia mais ninguém.
Só queria ela, só pensava, desejava, sentia e podia querer-lhe.
Quando queria desacreditar, um simples lugar comum lhe resgatava os sonhos.
E eu, observava. Instigava-me, prometendo fascínio.
Como as palavras não faziam sentido, como a paixão domina.
Esqueceu dos amores antigos, das promessas e dos “para sempre”.
A memória curta e seletiva de apenas dois meses foi suficiente para substituir o amor próprio por um doentio.
Ela estava sofrendo calada, e eu sabia.
Seus olhos abatidos, sua boca guardava o grito da dor mais exasperada.
Mesmo assim, sorria. Era um sorriso torto, sincero.
Ela sabia que suas lágrimas não a trariam de volta.
E eu sabia que elas embaçariam minha imagem do espelho.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Retorno

Eu estava indo em direção a um lugar desconhecido,
sem saber o caminho que queria tomar, pouco importava o rumo.
Me sentia perdida, caindo sobre pedras, rodando de mãos estendidas, sem ter onde me segurar.
Parecia um pesadelo, mas era um pouco pior, real demais.
Nada interessava mais, seria um bom final para uma colecionadora de palavras.
Fechei meus olhos desejando me entregar, há muito já estava me sentindo meio morta.
Era o instante que eu desejava, o momento que nada mais importaria, era um sonho ou o paráiso.
Era o olhar que eu não me permiti esquecer,
o sorriso que brilhava para mim mais nítido que nunca.
Eu estava errada, nem em meus sonhos, nem minhas recordações faziam deste momento tão perfeito.
Eu queria gritar, não a deixar escapar, não perdê-la novamente.
Eu queria sentir o seu corpo, ouvir sua respiração e enchugar suas lágrimas.
Despertar novamente o sentido, e seguir em frente.
Mas estava com medo demais para descobrir o que era, medo de sentir a dor da perda de novo.
As ilusões me bastavam no momento, a imaginação fluia como nunca.
Eu estava gostando e nada mais me importava.
Eu queria que isso durasse a eternidade.
Parecia, e era o meu melhor final.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

SeguiDOR.

Um dia após o outro, e eu me perco. Já não me encontro mais como antes, meus pensamentos me remetem a você com a mesma freqüência.
A dor some, as marcas ficam. Sim, não é a primeira vez.
Mas foi a única em que fui do céu ao inferno em tempo insuficiente para esquecer.
Mas o bastante pra me entregar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Era tanta bobagem.

Como somos tolos, insensatos e nos deixamos levar.
Instabilidade, sinceramente, não é comigo.
Não chegamos nem de perto à perfeição, mas aprendemos maneiras de ficar mais próximas.
Aquele esforço de se entregar novamente, acarreta num turbilhão de medos.
Sou mais forte que eles, menos mal.
Tenho medo do sorriso perfeito e dos meus tipos preferidos de amor, aqueles que sempre vem com uma nova aprendizagem pra mim.
Surte um efeito, algo perto do mortal. Brutal a palavra correta.
Me leva a lugares, me acomodo com a insônia e com a estupidez.
E novamente insisto no erro.
Não tenho medo de sofrer de novo, o masoquismo me consome.
Tenho medo de não correr o risco.
É nesses momentos que ouço a tua voz e te sinto tão mais próxima, que até esqueço das noites mal dormidas, das promessas quebradas e dos beijos que trocou.