sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sentir.

É desconfortável até certo ponto.
Você está lá. Parada. Com a cara de desânimo mais convincente e incontestável já vista.
E mesmo assim, ninguém nota. Ninguém repara. É difícil. Reparar como você está se sentindo quando se quer nota-se sua presença no local.
Quando convidam, você vai. Quando convida, não escutam; não lembram. Quando (não) agradecem, você fez. Quando faz, não é notada.
Você se sente sozinha, mesmo com quela gritaria, aquele amontoado de grupos e pessoas comuns aos seus olhos. Você está lá. Mas quem te convidou? Algum deles fez realmente questão de sua presença?
Então pra que fazer deles especiais?
Pra que chorar e se preocupar? Quando da sua vida, ninguém sabe, se preocupa e ajuda.
Exceto por aquela pessoa. Aquela que não está lá com você. Que faz mais falta. Aquela que faz tudo o que os outros nunca farão e muito mais.
Você queria que ela estivesse lá, pra te fazer escapar deste mundo imbecil. Pra rir contigo das atitudes medíocres e ridículas de certo ponto da noite, resultado do álcool que, horas mais tarde, sairá de forma bem humilhante do corpo destas pessoas.Você queria ela sempre. Você nem queria estar ali.

domingo, 7 de setembro de 2008

Sete momentos.

Sonhar. Pressentir. Entender o que você nem mesmo sabe.
Imaginar. Sentir. Seguir sem saber pra onde, tentar mandar no tempo.
Dar ordens para o vento e controlar as passadas.
Mostrar o óbvio e preferir o incerto. O estranho. A amiga.
A chuva de possibilidades e arbitrariedades recaídas sobre as costas de quem não as guenta.
Entorpecer-se de maneira, supostamente, insuportável.
Delimitar seu espaço. Sua maneira. Seus defeitos e desejos. Seus gostos e grosserias. Seus trajes e seu cheiro.
Encontrá-lo em músicas de um boteco qualquer. Imaginá-los nas caras distorcidas de pessoas que te fitam.
Enchergá-los através da mentira, da ignorância e do amor.
Escrever sem saber. Eis aí uma sugestão.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Simetria

Faz como se nada acontecesse.
Ilusões que vem e vão como as pessoas ao seu redor.
Moralistas, hipócritas, inconfundíveis.
A escuridão e o frio do brilho da manhã.
O respaldo, o refúgio nas ruas que te levam a lugar nenhum.
Os parentes são bêbados dos botequins que encontra pelo caminho.
As entranhas do desespero. Sem saída. Lembranças que acalmam, como a voz suave e sedutora que escuta sem saber de onde.
Lembra dela pronunciando promessas sem nexo, planos infundados que deixariam assim.
Senti o toque e o tremor da perna, a aproximação da boca, do corpo recostado a observar aqueles movimentos.
Os passos que já sabe contar, as músicas que sabe cantar, as manias que decorou para agradar. O jeito inconsequente de cuidar das coisas. A pose de mulher madura. Os trejeitos que jamais esquecerá. O corpo que não cansa de desvendar. O desejo calando, chamando. Os olhos que sabem e escutam, que seguem e vigiam.
Aquela coragem de "Peter Pan".
Síndrome de amar.
Sinônimo.

Cilada


Já nem sabe mais.
Se é raiva, desprezo, diversão ou covardia.
Parece verdadeiro.
Parece sentimento.
Parece armadilha.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Objeção


Aquilo que se sabe não é o que se vê. Não é o que se faz.
O que se lê não foi o que se escreveu. Os gritos não são de prazer.
A boca seca de nervoso, de ânsia. Não deveria ter sido assim.
As vozes que se escutam não são dela.O olhar que te fita é perdido e frio.
As mãos não são quentes e trêmulas. As palavras estão diferentes.
O sonhos são pesadelos.Os interesses se chocaram, os planos se separaram.
As viagens são somente em pensamentos.
Busco sem saber o que e onde. Não sei se é medo ou imaturidade. Brincadeira ou realidade.
As lembranças podem ser apagadas, mas não esquecidas.

Ângulos


Sintonia. Senti que algo acontecia.Um filme passava pela minha cabeça, milhares de reações me tomavam.Gritos, risadas, deboches e piadas. Não sabia o que queria ouvir.O que temia. Giros imóveis de uma mente perturbada.Sátiras infantis de melodias deploráveis.Egoísmo inoportuno, malemolência da vontade de querer.Sussurros insensíveis predispostos aquela que sonhei.A esta altura já nem queria mais ouvir.Soletrava, vagarosa e silenciosamente, seu nome sem mover a boca.Criando expectativas doentias projetadas sobre suas lembranças.Procurando seus bilhetes esquecidos pela casa.Sintonia, ainda tento encontrar.

sábado, 2 de agosto de 2008

Bem vindo.


Não sabe bem o porque, mesmo assim, contrariado e instigado, entrou.
Irreverente vontade. O desejo falava mais alto.
Procurava encontrar o que se quer havia sumido.
Murmúrios em desalinho.
Distante o suficiente do medo.
Obsoleto. Depressivo.
Simplório.