Eu a observava.
Viveu na esperança.
Projeções sobre sua própria ilusão, sua vontade.
Ouvia a todos, e não ouvia ninguém. Não havia mais ninguém.
Só queria ela, só pensava, desejava, sentia e podia querer-lhe.
Quando queria desacreditar, um simples lugar comum lhe resgatava os sonhos.
E eu, observava. Instigava-me, prometendo fascínio.
Como as palavras não faziam sentido, como a paixão domina.
Esqueceu dos amores antigos, das promessas e dos “para sempre”.
A memória curta e seletiva de apenas dois meses foi suficiente para substituir o amor próprio por um doentio.
Ela estava sofrendo calada, e eu sabia.
Seus olhos abatidos, sua boca guardava o grito da dor mais exasperada.
Mesmo assim, sorria. Era um sorriso torto, sincero.
Ela sabia que suas lágrimas não a trariam de volta.
E eu sabia que elas embaçariam minha imagem do espelho.
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Um comentário:
Realmente, o pior que pode acontecer é a imagem embaçar.
Conheci o seu blog lá da "escritores de gaveta", está de parabéns. ;)
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