quarta-feira, 17 de março de 2010

Contra Posição...

Sigo.
Mas sigo pra onde? Vejo magia naquele ponto sem nó. Colorido.
Abstraio em pensamentos com a agulha solta no fio.
Arranco a etiqueta da camisa nova e me incomoda a alça do sutien.
Me incomoda os olhares esguios e atarrancados.
Me incomoda também a pressa dos andantes.
A hora marcada para tudo.
Quero pegada e não passada. Passado.
Quero um Blues só meu.
Quero compartilhar minhas certezas.
Quero um carinho e um abraço quente no verão estranho.
Quero um doce, uma transa e um cigarro.
Mais que isso. Quero amor. Quero desejo. Dispenso o ódio, os olhos roxos e os rótulos.
Mentiras a parte.
Quero Sinceridade.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Verão.

Sinto o ar quente do verão.
A estação das cores, da pouca roupa e do suor.
Mas estou no meu inverno.
Sem paixões, sem rotinas, sem calor.
Sem lua e companhias.
Mas essa pode ser minha noite.
Vou para um bar, entornar algumas doses e ouvir uma música qualquer.
Está na hora de trancafiar a sordidez.
O amargo da bebida me desce pela garganta doce e suave.
A melodia combina com meu momento.
- Posso me sentar?
Ela me pergunta simpatica e despreocupada.
Assenti com a cabeça. Apenas um sinal de partida.
Um breve diálogo. Sem nomes e intimidades.
Apenas um desejo em comum.
Casual. Sexo casual.
Comum.

(oni)presente.

Eu queria poder.
Poder fazer o que a razão pede, e não ir.
Não gostar, desejar. Fantasiar.
Meus melhores momentos são aqueles olhando a lua amarela e o cigarro no canto da boca.
Sentada na minha janela e contando, dando nome as estrelas.
Queria guardar meu sorriso para alguém que mereça.
Guardar as palavras para uma boa companhia.
A respiração para um abraço quente.
Queria o calor.
O calor das mãos, das pernas sobre meu corpo.
Os movimentos lentos e combinados.
Queria me encontrar dentro de um corpo que não parece meu.
Queria um beijo escondido. No canto da boca. Queria somente ter.
Não um passado. Muito menos um futuro.
Um belo retrato para a posterioridade.
Mas desejo o presente. A presença.

domingo, 27 de dezembro de 2009

(In)Completo.

É a época dos abraços, das comemorações e desejos supérfluos de boas mudanças.
São as ideologias e heróis de "Cazuzas" moderninhos.
As verdades mal contadas. Os boatos corriqueiros de cidades pequenas.
Um lugar vazio. Um silêncio que não se cala.
A partir dai começa o conto.
A menina seca e pálida que se acaba em vícios.
O garoto de quase vinte.
O casal disposto.
Mentiras a parte, se completam.
Ela no seu jeito apático de gostar.
Ele na sua infantilidade disfarçada de gente grande.
As conversas não se misturam. As frases não se combinam.
Mas o jeito simples de se perderem um no outro os fazem sorrir.
O toque e o tremor das pernas.
O sexo.
Nos pensamentos flutuando, saciando os desejos.
As manias dispersas. Diversas.
Um jeito simples de se pertencerem.
Ela e seu cigarro barato. Ele e sua literatura pré-vestibular.
Um momento para não se pensar em virtudes e em corações partidos.
Dela parte o abraço desajeitado que ele responde com um beijo sem prática.
Hora ou outra se ouve o barulho da tv reprisando os filmes que nunca viram.
Assim como as palavras que nunca se escutam.
As ligações que não retornam.
As desculpas retóricas. As despedidas informais.
A relação (nada) comum.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Vôo.

Apagou.
Misturou tudo, é raiva com mentira.
É sentimento de ânsia disparando nas emoções.
Era o desejo calado.
Eram as meias verdades. Há/a falsidade.
Há/a via. Vida.
De alguns dias, meses, anos.
São os segundos que acabaram.
O beijo que secou. A sede que passou.
Os sonhos que voaram.
Se tornaram livres e foram embora.
E não quiseram me levar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A outra metade.

Era um dia comum, como outro qualquer.
Acordei reclamando, cansada mesmo após as 10 horas de sono.
Estava nublado, e a chuva ameaçava cair.
Estava suada de meus sonhos de mentira.
Liguei a TV e escolhi o pior dos oito canais para me distrair.
O tempo todo evitava lembrar e pensar nela.
Obtive sucesso por boas semanas, mas hoje, silenciosamente, comecei a reconstituir aqueles momentos.
A lareira apagada, o som desligado e a cara amassada.
O abraço quente, o marasmo e a nostalgia.
A vontade de preparar um café e a surpreender acordando aos pés da cama.
Ela era cheia de defeitos bonitos.
Seus movimentos pareciam dança, ensaiada.
Seu corpo parecia uma partitura, com sons melodiosamente cantados em cada nota.
Seu sorriso era perigosamente atraente. Cegava-me.
Eu estava apaixonada, loucamente apaixonada.
Feliz como há muito não me sentia.
A sensação de prazer e liberdade que não tinham nome.
Não havia como me proteger e fugir de algo que me fazia tão bem.
Falávamos sobre assuntos aleatórios por tantas horas sem cansar.
O silêncio era a melhor das palavras. Eu me sentia bem apenas em tocá-la.
Escutar sua risada, e saber sua preferência de refrigerante ou de gênero musical, o nome do seu filme predileto, as suas manias e as suas loucuras, até mesmo suas confusões e indecisões eram a melhor hora de meu dia.
Os dias que hoje são comuns, são culpa deste passado tão recente.
Já não uso as mesmas cores e não me afasto tanto da calçada.
Não tenho em quem me apoiar para atravessar a rua.
Não tenho com quem dividir meus planos e a cama.
Nunca pensei que preferiria a dúvida à resposta, que perdoaria erros e esqueceria de todo um resto.
Hoje conheço meus erros. Não penso em mudá-los e nem escondê-los.
Você me fez abrir os olhos para os sentimentos e para a escuridão.
Você me abriu a ferida e esqueceu de fechá-la.
Como pode meu coração ter se partido se ele nunca foi inteiro?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Voltas.

Eu sei como fazer isso.
Sei como seu corpo se move quando o desejo te domina. Como sua boca se contrai e sutilmente treme ao respirar mais fundo em sua orelha.
Eu gosto daqueles movimentos e da respiração ofegante quando sussurros percorrem sua nuca. Sinto falta do frio e do suor quente. Das mãos trêmulas e da boca seca.
Sei onde devo ir e como agir.
Onde minhas mãos fazem a transição do suave para rijo.
Onde minhas pernas te entrelaçam e os movimentos já não são mais carinhosos.
Consigo ouvir coisas que não consigo pensar e distinguir, mas são exatamente os sons que queria.
Eu sei o que você procura com aquele olhar. O que você espera com aquele beijo e o que espera que eu consiga te fazer sentir.
Sim, eu sei como fazer isso.