terça-feira, 15 de setembro de 2009

A outra metade.

Era um dia comum, como outro qualquer.
Acordei reclamando, cansada mesmo após as 10 horas de sono.
Estava nublado, e a chuva ameaçava cair.
Estava suada de meus sonhos de mentira.
Liguei a TV e escolhi o pior dos oito canais para me distrair.
O tempo todo evitava lembrar e pensar nela.
Obtive sucesso por boas semanas, mas hoje, silenciosamente, comecei a reconstituir aqueles momentos.
A lareira apagada, o som desligado e a cara amassada.
O abraço quente, o marasmo e a nostalgia.
A vontade de preparar um café e a surpreender acordando aos pés da cama.
Ela era cheia de defeitos bonitos.
Seus movimentos pareciam dança, ensaiada.
Seu corpo parecia uma partitura, com sons melodiosamente cantados em cada nota.
Seu sorriso era perigosamente atraente. Cegava-me.
Eu estava apaixonada, loucamente apaixonada.
Feliz como há muito não me sentia.
A sensação de prazer e liberdade que não tinham nome.
Não havia como me proteger e fugir de algo que me fazia tão bem.
Falávamos sobre assuntos aleatórios por tantas horas sem cansar.
O silêncio era a melhor das palavras. Eu me sentia bem apenas em tocá-la.
Escutar sua risada, e saber sua preferência de refrigerante ou de gênero musical, o nome do seu filme predileto, as suas manias e as suas loucuras, até mesmo suas confusões e indecisões eram a melhor hora de meu dia.
Os dias que hoje são comuns, são culpa deste passado tão recente.
Já não uso as mesmas cores e não me afasto tanto da calçada.
Não tenho em quem me apoiar para atravessar a rua.
Não tenho com quem dividir meus planos e a cama.
Nunca pensei que preferiria a dúvida à resposta, que perdoaria erros e esqueceria de todo um resto.
Hoje conheço meus erros. Não penso em mudá-los e nem escondê-los.
Você me fez abrir os olhos para os sentimentos e para a escuridão.
Você me abriu a ferida e esqueceu de fechá-la.
Como pode meu coração ter se partido se ele nunca foi inteiro?

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